segunda-feira, 7 de abril de 2008

Esperança para muitos gera dúvidas entre brasileiros... Células tronco embrionárias...



Esse assunto tem sido muito debatido e comentado
entre as pessoas dos diversos meios,
deixando de ser apenas do interesse científico, a possibilidade de criação de células troncos através de embriões gera muita esperança, pois muitos países já realizam estudos encima de tais células e garantem que muitas doenças poderão ser solucionadas, mas afinal o que gera dúvida?


Leia os trechos de reportagens das Revistas Isto é e Veja

"O adiamento da decisão sobre a liberação das pesquisas com células-tronco embrionárias no Brasil retardará ainda mais o desenvolvimento no País de uma área da ciência que, no mundo, encontra-se em franca efervescência. Na quarta-feira 5, depois de dois votos favoráveis à liberação, a presidente do Supremo Tribunal Federal, Ellen Gracie, anunciou a suspensão da sessão que votava o assunto após o ministro Carlos Alberto Direito pedir vistas do processo. Não há data definida para a continuidade do julgamento. O STF está julgando ação interposta pelo então procurador-geral da República Cláudio Fonteles contra o artigo 5º da Lei de Biossegurança, aprovada em 2005. Por este artigo, são permitidos os estudos com células-tronco extraídas de embriões congelados há mais de três anos. O argumento do procurador foi o de que o uso de embriões feriria o princípio constitucional do direito à vida.
As células embrionárias são objeto de estudo porque podem se transformar em qualquer tecido do corpo. É isso que as diferencia das células-tronco adultas, extraídas de fontes como a medula óssea, mas menos versáteis. O que se quer é obter diversas células a partir das embrionárias e usá-las para repor as que se encontram lesadas. E muito se caminhou neste sentido. Nos Estados Unidos, até o meio do ano terá início o primeiro estudo em ser humano do mundo para testar um tratamento feito a partir de embrionárias. Cientistas da Universidade da Califórnia e da empresa Geron analisarão a eficácia de uma terapia para lesões medulares. Em testes prévios, as células obtidas com embrionárias ajudaram na recuperação de cobaias.
Há uma profusão de trabalhos. Em vários centros internacionais de pesquisa já foram criadas células de ossos e de músculos, entre outras, usando como matéria-prima as embrionárias. Enquanto o mundo experimenta progressos, o Brasil caminha a passos lentos. Até a decisão do STF, as pesquisas continuam liberadas. Mas são poucos os que investem nas embrionárias, por causa da falta de recursos e da indefinição quanto ao futuro dos estudos por aqui. “Não posso dar dedicação total porque não sei o que acontecerá”, explica Steven Rehen, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O pesquisador é um dos que chegaram a estágio mais avançado de estudo. Ele foi o primeiro a criar neurônios a partir de embrionárias importadas dos EUA.
Esta necessidade de importação, aliás, é uma mostra de quanto o Brasil ainda engatinha no campo das embrionárias. Por aqui, ainda não se criou sequer o conhecimento suficiente para extrair as embrionárias. É por isso que boa parte dos poucos e obstinados cientistas que trabalham na área buscam desenvolver essa tecnologia. É o caso da geneticista Lygia Pereira, da Universidade de São Paulo. Além de investigar os métodos para retirar as células, ela trabalha para criar linhagens – uma população uniforme de células com características definidas. “Esse conhecimento é a base para termos autonomia nas pesquisas”, afirma ela, confiante em uma decisão favorável do STF.
Na Universidade Federal de Goiás, a cientista Lidia Guillo trabalha em direção semelhante. Ela estuda opções de suporte para o cultivo de linhagens de embrionárias em laboratório. Para isso, dispõe de embriões doados. “Porém, por causa das incertezas, suspendi os estudos temporariamente”, diz. No Centro de Pesquisa em Reprodução Humana Roger Abdelmassih, de São Paulo, a pesquisadora Irina Kerkis também aguarda o fim do julgamento para estudar a produção de óvulos e espermatozóides a partir de embrionárias. Como se vê, vontade de avançar não falta. Pena que a ciência brasileira tenha que amargar mais essa espera"
(Isto é 12/03/2008)
O Supremo Tribunal Brasileiro está com dificuldades para tomar esta decisão, afinal liberar as pesquisas com células tronco embrionárias é uma questão ética muito complicada, afinal quando realmente começa a vida???



No site da Revista Veja um seminarista tirou suas dúvidas com uma cientista vamos ver um resumo de ambas as opiniões:


Alexandro, seminarista e estudante do curso de Filosofia relata que a Igreja é contra as pesquisas com células-tronco embrionárias por entender que a vida começa na fecundação, independentemente de estar ou não dentro do útero. Também argumenta que se as pesquisas forem aprovadas poderá haver comercialização de embriões. Essa é uma preocupação também dos cientistas, mas que está contemplada na Lei de Biossegurança, aprovada em 2005, que proíbe essa prática, isto é, a comercialização de embriões. Aliás, usando-se essa mesma linha de raciocínio, dever-se-ia proibir também os transplantes de órgãos, pelo mesmo motivo. Por isso, as pesquisas têm de ser aprovadas por comitês de ética responsáveis por zelar para que não ocorram desvios. A vida começa a existir no momento da fecundação, mesmo que o sistema nervoso ainda não esteja formado. Para ele os cientistas costumam falar sobre os embriões que nunca serão colocados em útero e permanecerão congelados para sempre. Esses poderiam servir à ciência. Mas se esse experimento fosse feito com um de nós, talvez hoje não existiríamos. Quando se escolhe um embrião para servir à uma pesquisa não se acaba -- querendo ou não -- interrompendo uma vida, mesmo que esta não tenha o sistema nervoso formado?


A Geneticista Mayana Zatz explica: A impressão que se tem, é que todos os embriões congelados são viáveis. Isso não é verdade. A fecundação é a condição necessária, mas não suficiente para gerar uma vida. É importante lembrar que quem procura as clínicas de reprodução assistida são casais que na sua grande maioria não conseguiram reproduzir naturalmente. Ou seja, em muitos casos, apesar da união entre o espermatozóide e o óvulo, não houve formação de vida. De acordo com o doutor Paulo Perin, um especialista em fecundação assistida, estima-se que somente 2% dos embriões que estão congelados há mais de 3 anos, nas clínicas de reprodução do Brasil, são viáveis. De fato, uma pesquisa publicada recentemente pela doutora Nilka Donadio, outra médica especialista em reprodução assistida, revelou que nenhum dentre quase 200 embriões de má qualidade que haviam sido criopreservados geraram uma vida quando descongelados e implantados em útero. Na minha opinião não estamos falando de uma vida interrompida, mas sim de uma vida com potencial muito pequeno (que é de apenas 2% no caso dos embriões congelados há mais de três anos), de uma vida que não começou e sem nenhuma chance de ser iniciada.


Assunto complicado né gente?? Mas lendo a entrevista da geneticista achei interessante a seguinte citação, que nos ajudará a refletir e nos posicionarmos.


"Raquel, uma mulher muito pobre, estava passando fome junto com seus filhos quando uma pessoa piedosa lhe deu uma galinha. Mas como ela era muito religiosa, precisava da permissão do rabino antes de matá-la para alimentar seus filhos, já que a galinha não havia sido criada de acordo com os rituais judaicos. Raquel vai então com seus filhos à casa do rabino, chama a sua esposa Sara, e lhe diz: "Por favor, leve essa ave e pergunte ao seu marido se posso usá-la para alimentar meus filhos obedecendo os preceitos judaicos". O rabino olha então para a galinha, e olha para os livros. Olha para a galinha e olha para os livros. Olha para a galinha e olha para os livros. E depois de muito estudo conclui: "Não, isso seria contra a religião judaica". Sara, sua esposa, depois de ouvi-lo vai imediatamente ao encontro da pobre mulher e lhe diz: "Sim, Raquel, você pode alimentar seus filhos com essa galinha". O Rabino, ouvindo isso pergunta perplexo a Sara: "Como você pode ir contra os princípios religiosos?" Muito simples, responde Sara. Você olhou para a galinha e para os livros. Eu olhei para a galinha e para a mulher com seus filhos".
"Vida interrompida é a de milhares de crianças e jovens que morrem com doenças degenerativas, para as quais ainda não existe tratamento é para eles que a ciência
está olhando"

Um comentário:

Dulce Miller disse...

Oi Paola!
Nossa, esse texto me emocionou!
É um assunto muito complicado mesmo, mas sou a favor da liberação das pesquisas.

Beijos