sábado, 8 de março de 2008

Vale a pena ler...

Encontrei esta reportagem e achei muito interessante e importante principalmente para quem está inserido no ambiente hospitalar e não sabe como ajudar os pais de crianças portadoras de câncer.



Orientações aos pais


Se o seu filho acabou de receber o diagnóstico de câncer, calma, não se desespere! Por pior que possa parecer, a situação não está perdida.
As chances de cura ou de boa qualidade de vida são altíssimas para as crianças com câncer. As crianças com LLA, um tipo específico e ao mesmo tempo o mais comum de leucemia, entre as crianças pequenas, têm 90% de cura.
Assim como vocês, muitos pais quando passam por essa situação, de terem um filho com o diagnóstico de câncer, preferiam que o câncer fosse para si e não para a criança. Imagino que vocês estão se perguntando onde falharam, como isso poderia ter sido evitado e etc. Infelizmente, essa situação não pode ser alterada. É muito importante que vocês saibam que não falharam em nada com relação ao desenvolvimento do câncer do seu filho. Com certeza, não foi o cuidado de vocês (a mais ou de menos), nem tão pouco as brigas e os castigos em casa que fizeram com que seu filho ficasse doente.


Entendendo e Compreendendo as diferenças


O câncer em um filho, ou em qualquer pessoa da família, afeta, em maior ou menos grau, todos os membros da família. Cada um vai entender e vivenciar o câncer do parente próximo dependendo do tipo de vínculo que tem com o paciente. Provavelmente, os pais irão lidar de uma forma com o câncer do filho, enquanto que tios mais distantes podem ficar abalados de outra maneira. Ao mesmo tempo, cada pessoa vai entender a gravidade da situação e lidar com ela dependendo da sua idade e grau de compreensão sobre a própria vida. Os avós, por exemplo, vão entender e se preocupar com o câncer de um neto de um modo bastante diferente dos irmãos do paciente. Não há um jeito certo ou errado de encarar e enfrentar a nova realidade, o importante é estarmos atentos às diferentes formas de lidar com a situação, sempre buscando o modo mais apropriado de fazê-lo.


As diferentes idades


As crianças merecem saber o que está acontecendo com elas. Até mais ou menos 7 anos a criança não entende a morte como irreversível e nem a gravidade do câncer como uma doença potencialmente fatal. Expliquem que ela está com bichinho malvado, que precisa ir embora. Digam que o bichinho é forte e para combatê-lo ela vai ter que tomar remédios mais fortes que ele; por exemplo. Coloquem para ela que esse remédio pode deixá-la uma pouco “molinha”, que o cabelo pode cair. Não privem as crianças das alterações concretas que seu corpo poderá sofrer com o tratamento.
As crianças vivem mais intensamente o presente, e menos o futuro. Suas preocupações são com as coisas concretas, com aquelas que elas podem ver e sentir, como a picada de agulha, a queda do cabelo, se sentirem enjoadas, irritadas e etc.


Desmitificando o câncer


Uma outra dica diz respeito aos comentários sobre a doença e o tratamento que possam surgir. Não vamos fazer da doença um tabu ou algo que não possa ser falado. Tanto para o filho doente, como para os demais é importante que eles sintam um canal aberto de comunicação; que eles fiquem à vontade para perguntar o que quiserem, para chorarem de medo ou de tristeza, e até mesmo para rirem de situações engraçadas que podem acontecer, porque não?
Lembre-se: dividir esses sentimentos e percepções é muito saudável!


Todos precisam de cuidado


Abalados e preocupados com o filho doente, muitos pais acabam passando, neste primeiro momento, mais tempo com este filho, no hospital, fazendo exames, iniciando o tratamento, do que com os outros filhos. É verdade que a preocupação é grande e que muitas medidas tem que serem tomadas rapidamente, mas não vamos esquecer dos outros filhos.
Pais: os irmãos precisam saber o que está acontecendo, qual o motivo de tanta preocupação e mudança na rotina. A criança vai ser capaz de entender e compreender a nova realidade dependendo da idade e do grau de maturidade que ela tiver. Dê explicações simples e compatíveis com a sua capacidade de compreensão. E mais, sempre que possível, sentem e conversem carinhosamente com os filhos saudáveis.


Dividindo as tarefas


Será preciso que vocês se organizem para que outros adultos, uma tia, os avós ou os padrinhos cuidem mais de perto da rotina dos irmãos, garantindo que eles continuem frequentando a escola, o futebol, etc. Também é muito importante que os irmãos tenham a chance de visitar, ou pelo menos de falar por telefone com o irmão que ficou doente. Gostaria de pedir que não isolem nem o filho doente e nem os irmãos desses encontros.


Algumas precauções


- Enquanto seu filho estiver fazendo quimioterapia e os leucócitos estiverem baixos, evite levá-lo a lugares com muita gente ou pouco ventilados. Prefira levá-lo à casa de um amigo, ou convide alguns amigos para vir até sua casa.
- Não é interessante que seu filho tenha contato com pessoas gripadas e/ou com tosse. Quando a saudade apertar de alguma pessoa que está com gripe use o telefone ou a Internet, por exemplo.
- É comum as plaquetas oscilarem e até ficarem bem baixas em algumas fases do tratamento; nestas fases a criança, se possível, não deve cair ou se machucar. Ofereça brincadeiras mais calmas como jogos de mesa, quebra-cabeças, livros, desenhos, assistir um DVD, brincar no computador...
Essas são algumas dicas para tornar o seu dia-a-dia um pouco mais leve enquanto seu filho estiver em tratamento. Cada criança reage de um modo diferente, e na sua casa as reações podem ser diferentes das mostradas aqui. Não hesitem em tirar qualquer tipo de dúvida, mesmo aquelas que vocês acham bobas, com o médico, a enfermeira, a psicóloga ou algum outro profissional que vocês se sintam à vontade. Por favor, não se esqueçam que a equipe do hospital existe para te ajudar!

Fernanda Rizzo di Lione Psicóloga

Um comentário:

Cristiane A. Fetter disse...

Ótimas informações Paola.
Vamos divulgar mais isso.

Beijocas